APRESENTAÇÃO – RETRATOS DA INFÂNCIA.
- Scotti e Cabrera
- 1 de jul.
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Atualizado: há 3 dias

Cabrera e Scotti: As Danis
Retratos da Infância nasce de um encontro entre duas educadoras.
Cabrera: São Paulo, terça-feira, primeiro dia de aula do mestrado em Formação de Formadores. A chuva caía fina e eu cheguei cedo à sala. Uma única pessoa já estava lá, sentada. Perguntei: — Posso me sentar aqui? — Claro! Muito prazer, eu me chamo Daniela. — Prazer, eu também me chamo Daniela.
A afinidade entre nós não se deu apenas por termos sido as primeiras a chegar no primeiro dia de aula ou por compartilharmos o mesmo nome — que, aliás, foi uma surpresa, já que raramente convivi com outra Daniela na mesma sala que eu. A conexão foi mais profunda, mais simbólica. E se fortaleceu com o tempo.
Scotti: Foi como encontrar uma irmã de alma. Não dividimos só o nome, mas uma paixão comum: a educação e tudo o que ela pode transformar no presente e no futuro. Desde então, seguimos lado a lado — hoje, ela na coordenação pedagógica e eu na orientação educacional. Uma parceria que começou na sala de aula da PUC e continuou no chão da escola.
Cabrera: O mestrado representava, para mim, a realização de um grande sonho. Por muito tempo, ele pareceu distante, quase inalcançável. Mas se concretizou. E, ao adentrarmos a sala, acionamos, inevitavelmente, o nosso "aluno interior". É curioso perceber que, ao nos colocarmos na posição de aprendizes, as certezas se desconfiguram. Há um certo estranhamento, mas também há beleza. Ser aprendiz é um gesto de humildade e de coragem. E penso que esse lugar de aprendiz não deve se restringir ao espaço físico da sala de aula — ele precisa ser uma atitude diante da vida. Aprender sempre.
Scotti: O mestrado foi um divisor de águas para mim também. Ali, algo se abriu. A prática na escola muitas vezes acontece no instinto, na urgência. Mas, ao mergulhar nas pesquisas e trocas com colegas de tantos lugares, senti minha mente se expandir de forma avassaladora. E com isso veio a vontade de partilhar — minhas descobertas, minhas dores, minhas inquietações. Sempre sonhei em ter um blog, mas a autossabotagem falava mais alto: "Será que vai estar bom o bastante?" Mostrar vulnerabilidade nunca é simples. Mas aprendi que é nesse espaço real, humano, que a educação acontece de verdade. E que crescer, aprender e ensinar são movimentos coletivos.
Cabrera: Contei para a Scotti sobre a página que iniciei em 2020, em plena pandemia, como forma de compartilhar reflexões sobre educação. Foi uma experiência potente, que me conectou com outros educadores e me fez perceber o quanto temos a dizer — e o quanto precisamos escutar.
Scotti: E quando ela me convidou para o Retratos da Infância, senti que era a hora certa. A hora de parar de adiar, de me esconder atrás do medo. Escrever também é um jeito de aprender. E aqui estamos — abrindo um espaço para fazer isso com coragem e com afeto.
Cabrera: Retratos da Infância nasce como um espaço de partilha, escuta e reflexão. Um lugar para sustentar as narrativas e tramas que compõem o cotidiano educativo. Acreditamos que educar é um ato complexo, que exige consciência de si, do outro e do mundo. Um ato essencialmente humano.
Scotti: Desejamos que este seja um abrigo, uma provocação, um ponto de encontro. Que aqui ecoem as vozes das infâncias — e de todos os que caminham com elas, com sensibilidade e compromisso. Porque, no fim, aprender é sempre um caminho compartilhado.
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