A rotina é fio condutor — flexível, elástico, cheio de significado
- Daniela Cabrera

- 15 de nov.
- 1 min de leitura

De vez em quando, nos deparamos com algumas reproduções: “Ah, mas a rotina na Educação Infantil engessa”, costumamos ouvir. Muitas vezes, tenho a sensação de que a educação é atingida por ondas passageiras e esquecemos do infinito mar que a constitui. Precisamos questionar os modismos, indagar as repetições e aceitar que, de fato, a roda já foi inventada — apenas precisa ser ressignificada.
Há alguns anos, li o livro de Maria Carmen Barbosa Rotina na Educação Infantil: por amor e por força. Nele, a autora apresenta a rotina não como um “engessamento” do trabalho pedagógico, mas como uma estrutura que dá segurança às crianças, oferecendo previsibilidade e tranquilidade ao longo do dia escolar. Ao mesmo tempo, ela alerta para o risco de uma rotina rígida, mecânica e autoritária, que apaga a escuta das infâncias e sufoca o espaço para a invenção.
Barbosa propõe pensar a rotina por amor — quando o tempo e o espaço são organizados a favor das crianças, respeitando seus ritmos, desejos e necessidades — e por força — quando a rotina é usada apenas como mecanismo de controle, disciplina e repetição, sem abertura para o novo ou para o inesperado.
Você já experimentou vivenciar um coletivo sem o mínimo de previsibilidade? Não se trata de controle, mas de segurança para os pequenos. Não falamos de controlar ações — até porque, ao trabalharmos com a infância e com gente, precisamos admitir que há beleza na incerteza.
A rotina, em si, é apenas um fio condutor. Um fio que deve ser maleável e elástico, capaz de sustentar experiências significativas quando vivido de forma consciente e flexível.



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