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Passageiros — sobre fechar os olhos, porque “é coisa de criança”

  • Foto do escritor: Daniela Cabrera
    Daniela Cabrera
  • 7 de nov.
  • 1 min de leitura

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Quantas vezes nos deparamos com a frase “é coisa de criança” como justificativa para não enxergar a realidade?

Os diálogos entre famílias e educadores sobre as crianças nem sempre são fáceis. Afinal, quando falamos de infância, falamos do bem mais precioso que alguém pode ter — e é natural que se espere sempre o melhor para os filhos. No entanto, o que significa “o melhor” varia conforme cada família e cada contexto, carregando sentidos próprios.

Muitas vezes, ao descrevermos os comportamentos e ações das crianças — o que é parte essencial do nosso trabalho — ouvimos a resposta: “Ah, mas eu adoro isso, é coisa de criança.” Mas até que ponto essa frase não se tornou uma venda para não discutirmos a realidade?

O enfrentamento entre o filho idealizado e o filho real pode exigir um longo processo de luto. Luto por não querer aceitar a criança como ela é, em sua inteireza, com suas forças e fragilidades.

Na Educação Infantil, fechar os olhos para certas situações pode parecer mais simples. Porém, se fizéssemos isso, não honraríamos o propósito de ser educadores. Estamos falando justamente da fase da vida em que o sujeito tem plenas condições de ampliar e ressignificar suas experiências.

Não queremos crianças passageiras em um espaço-tempo chamado escola. Queremos crianças presentes, vistas, ouvidas e reconhecidas naquilo que são — em sua realidade concreta.

E não, não é simplesmente “coisa de criança”. Essa é uma expressão generalista. Quando falamos de pessoas, falamos de sujeitos únicos. Afinal, o que nos difere não são apenas as digitais das mãos, mas também a forma singular como cada um sente, age e habita o mundo.

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