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“Coordenação não é sobre controlar. É sobre costurar.”

  • Foto do escritor: Daniela Scotti
    Daniela Scotti
  • 28 de out.
  • 2 min de leitura
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Quando assumi a coordenação pedagógica, me disseram: — Agora você vai mandar. — Vai poder organizar tudo do seu jeito. — Vai ter a escola nas mãos.

Mas o que eu encontrei foi outra coisa.Nada tinha a ver com controle.Nem com autoridade.

O que encontrei foi gente. Muita gente. Com demandas, dúvidas, medos, urgências. Professores cansados. Crianças agitadas. Pais ansiosos. E uma pergunta não dita ecoando no ar: “Estamos juntos nisso ou cada um por si?”

Aos poucos, entendi: coordenação não é sobre dar ordens. É sobre dar ouvidos. É ouvir o professor que entra com a voz embargada depois de uma aula difícil. É mediar conflitos entre crianças que ainda estão aprendendo a nomear o que sentem. É acolher a mãe preocupada com a adaptação do filho.

É costurar. Ponto por ponto. Com cuidado. Com paciência.

Coordenação é o espaço onde a escola vira corpo. Onde as partes se conectam. Onde o olhar precisa ser amplo o suficiente para enxergar o todo — mas também sensível o bastante para não perder os detalhes.

Não adianta focar só nos relatórios e nas metas. Tem dia em que o mais importante é perceber que aquele professor precisa de um “como você está?” ou de um “pode deixar que eu te ajudo”.

Na escola, muita coisa é urgente. Mas poucas são tão importantes quanto manter viva a humanidade de quem educa.

Ser coordenadora é não ter respostas prontas. É viver na pergunta. É se colocar entre o planejamento e o imprevisto. Entre o currículo e a vida real.

E é também criar possibilidades. Projetos que fazem sentido. Formações que tocam. Apoio que não julga.

A melhor parte? Ver o professor florescer. Ganhar confiança. Se arriscar em uma nova abordagem. Sair da sala dizendo: “Hoje foi diferente. Hoje eles estavam comigo.”

É isso. Coordenação pedagógica é presença. É vínculo com os adultos que cuidam dos vínculos com as crianças. É uma forma de cuidar da escola por dentro.

E cuidar, no fim das contas, é o que move tudo isso.

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