LER PARA CONVERSAR: A LITERATURA COMO DIÁLOGO COM A VIDA
- Daniela Cabrera

- 18 de set.
- 1 min de leitura

Quando meu filho, aos sete anos, me pediu para ler Moby Dick, sorri com surpresa. Não pela complexidade do livro, mas pela naturalidade com que associou a leitura à descoberta. Naquele momento, percebi o quanto os livros, quando apresentados desde cedo como conversas sobre a vida, tornam-se parte da infância de forma espontânea e prazerosa.
A leitura literária em voz alta, especialmente no convívio familiar e escolar, é mais do que a simples decodificação de palavras. Ela cria um território simbólico onde adultos e crianças se encontram, observam o mundo por diferentes lentes e, juntos, constroem sentidos. Como bem diz Yolanda Reyes: “no fundo, os livros são isso: conversas sobre a vida.” E como precisamos aprender a conversar!
Quando leio com meu filho, não espero respostas — espero perguntas, olhares curiosos, dúvidas e até indignações. Conversamos sobre os personagens, suas escolhas, as paisagens descritas e, muitas vezes, sobre nossos próprios sentimentos. Às vezes, um trecho lido vira tema para a conversa no jantar; em outras ocasiões, ressurge dias depois, quando alguma situação da vida real nos faz lembrar daquele enredo.
Na escola, a leitura em voz alta pode ser esse mesmo espaço de partilha. Professores que leem com as crianças, e não apenas para elas, abrem caminhos para que a literatura cumpra seu papel mais potente: formar leitores do mundo — sensíveis, críticos e empáticos.
Pais e educadores, não subestimemos a força de uma leitura feita com entrega. A cada história compartilhada, formamos memórias afetivas, fortalecemos vínculos e, mais do que tudo, ensinamos que ler é, sobretudo, uma forma de pensar e sentir com o outro.
Afinal, o mundo cabe dentro de uma história.



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