top of page

“O CORPO DO PROFESSOR TAMBÉM ENSINA”

  • Foto do escritor: Daniela Scotti
    Daniela Scotti
  • 21 de out.
  • 2 min de leitura
ree

Há dias em que o corpo entra antes do professor. A expressão no rosto já diz tudo. Os ombros falam. A respiração revela. E a criança percebe — sempre percebe. Porque o corpo não mente.

Na sala de aula, não é só o conteúdo que comunica. É a forma como o professor anda entre as carteiras. É o tom de voz. É o tempo entre a pergunta e a resposta. É o olhar que acolhe ou repele. É o gesto que aproxima ou assusta.

No livro Aprendizagem do adulto professor, as autoras  Placco e Souza (2006) dizem que o professor precisa estar à vontade com o próprio corpo     para ensinar com verdade. E eu entendo isso não só como postura física — mas como presença emocional.

O corpo do professor carrega suas experiências. Carrega sua história. Carrega também suas dores. E é por isso que, para ensinar, não basta saber. É preciso estar inteiro.

Como coordenadora e orientadora, já vi de tudo: professores brilhantes, com repertório imenso, mas ausentes emocionalmente. E outros, com menos técnica, mas com uma escuta tão verdadeira que a sala de aula se  transformava em um espaço de confiança.

Porque os alunos não aprendem só com o que dizemos.Aprendem com quem somos.

O professor inseguro transmite insegurança. O professor impaciente ensina que não há tempo para errar. O professor que não se escuta, não escuta ninguém.

Mas quando o professor está confortável com seu corpo, com sua voz, com suas emoções — algo muda. Ele não precisa forçar presença. Ela acontece.

A espontaneidade, que as autoras mencionam no texto, surge da confiança.E a confiança nasce do vínculo: consigo mesmo, com os alunos, com o propósito do que se faz.

Por isso, a formação de professores também precisa falar sobre o corpo. Sobre postura, sim. Mas também sobre sobrecarga. Sobre silêncios. Sobre o que o corpo carrega até não aguentar mais.

A saúde emocional do professor aparece no modo como ele entra na sala. E isso precisa ser pauta. Precisa ser cuidado.

Porque um professor em paz com o próprio corpo é um professor capaz de criar paz ao redor.

E numa escola atravessada por barulhos, pressões e urgências, esse tipo de professor é uma revolução.

Comentários


bottom of page